sábado, 19 de abril de 2008

V Domingo da Páscoa - A Casa de meu Pai tem muitas Moradas

Quinto Domingo da Páscoa
Jo 14: 1-12

Qual o casal que não se preocupa com a sua casa, com a sua morada? Uma justa preocupação, pois quem casa quer casa, não é assim que diz o ditado? De fato, a preocupação com a sua morada é algo natural do ser humano, pois até mesmo entre os animais encontramos espécies que constroem a sua morada. Desse modo, o cuidado com a nossa morada, numa certa dosagem, é salutar para o equilíbrio do ser humano. A morada para o ser humano é algo tão importante, que reflete o que somos. Uma pessoa religiosa vai colocar seus símbolos religiosos em sua casa... o cristão coloca a cruz, a bíblia; um católico colocaria ainda a imagem de Nossa Senhora ou de um santo de sua devoção. Desse modo a morada acaba refletindo a nossa cultura, como vivemos e o que somos. Há muitos, muitos tipos de moradas... O Evangelho de hoje nos fala da grande casa de Deus onde há muitas moradas. Jesus não nos descreve a aparência das moradas da casa de seu Pai, mas nos diz duas coisas importantes: há uma só casa... com muitas moradas e que ele está preparando o nosso lugar. Como é o lugar que ele nos prepara?

Nós, como os discípulos, podemos pensar num lugar físico, ... ou algo como um lugar no céu que está longe de nós e que chegaremos depois de nossa morte. E para esta morada celeste todos nós queremos ir, mas ainda não estamos prontos... O fato é que Jesus não se refere a este tipo de morada. Quando chegar a nossa hora de morrermos, nós morreremos, estando “prontos” ou não, e iremos para a nossa morada que já está preparada no coração de nosso Deus. Esta é a morada que Jesus se refere e que nós vamos nos apropriando aos poucos, durante nossas vidas. Desse modo, o ponto que Jesus quer chegar não é dizer que o céu tem um lugar para todas as pessoas. Jesus quer nos mostrar uma realidade mais profunda... ele nos revela onde ele e o Pai moram: “Eu estou no Pai e o Pai está em mim.” Jesus nos revela neste Evangelho que a morada do Pai não é um local, mas é uma relação. “o Pai permanece n’Ele e Ele no Pai...” E o caminho para esta “morada” esta relação quem nos revela é o próprio Jesus. Ele nos revela o caminho para o coração do Pai. O Evangelho de hoje nos desafia e entrarmos nesta morada, nesta relação profunda entre Jesus e o Pai. Jesus nos revela, desse modo, que nossa verdade é vivermos nesta relação, uma relação de amor, uns com os outros, reconhecendo no outro a morada de Deus. Na segunda leitura, São Pedro, como João, nos fala de nossa íntima relação com Deus no Cristo, mas ele usa imagens diferentes. Deus não mora numa cada de pedra, mas num edifício espiritual, feito com pedras vivas. Nós somos desse modo o edifício espiritual de Deus porque fomos escolhidos e amados pelo Senhor.

Outra surpresa neste Evangelho é que há, de fato, muitas moradas, tantas quantos há milhares de discípulos, que são o edifício espiritual, as pedras vivas da morada de Deus, onde a presença do Ressuscitado se revela com mais intensidade. Assim, nós somos os tabernáculos onde Jesus construiu a sua morada. Portando, vivei reconhecendo esta presença maravilhosa em cada pessoa. Respeitai uns aos outros, trabalhai para que cada pessoa possa revelar com todo o esplendor a presença de Deus em si, perdoai uns aos outros, vivei o amor. O primeiro passo é reconhecer que Jesus revela a morada de Deus em cada ser humano. O crescimento do Reino de Deus começa nessa convicção. Que possamos construir nossas moradas, não somente as de pedras, mas principalmente a morada que se constrói e que nos apropriamos aos poucos, a morada que está preparada no coração de nosso Deus.

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