terça-feira, 22 de julho de 2008

Os Salmos do Povo de Deus com Andreas Fleger

Os Salmos sempre fizeram e fazem parte da oração da Igreja. Herdados da tradição judaica, os salmos são hinos que traduzem a presença de Deus na história do Seu povo. Eles traduzem sentimentos diversos em oração, em louvor, súplica e petição. Andreas Felger, artista plástico alemão, inspirado nos salmos traduziu seus versos em imagem. Convidamos você a dedicar um tempo de oração deixando-se conduzir pelo Espírito Santo através dos salmos e das imagens de Felger. Leia com atenção cada salmo, repousando na palavra, na idéia ou na frase que o Espírito Santo lhe indicar... Contemple a imagem... Perceba seus sentimentos. Boa oração!


Sl 1: 1-3
Feliz o homem que não procede conforme o conselho dos ímpios, não trilha o caminho dos pecadores, nem se assenta entre os escarnecedores. Feliz aquele que se compraz no serviço do Senhor e medita sua lei dia e noite. Ele é como a árvore plantada na margem das águas correntes: dá fruto na época própria, sua folhagem não murchará jamais. Tudo o que empreende, prospera.


Sl 23
O Senhor é meu pastor, nada me faltará. Em verdes prados ele me faz repousar. Conduz-me junto às águas refrescantes, restaura as forças de minha alma. Pelos caminhos retos ele me leva, por amor do seu nome. Ainda que eu atravesse o vale escuro, nada temerei, pois estais comigo. Vosso bordão e vosso báculo são o meu amparo. Preparais para mim a mesa à vista de meus inimigos. Derramais o perfume sobre minha cabeça, e transborda minha taça. A vossa bondade e misericórdia hão de seguir-me por todos os dias de minha vida. E habitarei na casa do Senhor por longos dias.


Sl 31:8-9
Exultarei e me alegrarei pela vossa compaixão, porque olhastes para minha miséria e ajudastes minha alma angustiada. Não me entregastes às mãos do inimigo, mas alargastes o caminho sob meus pés.


Sl 34:18-23
Apenas clamaram os justos, o Senhor os atendeu e os livrou de todas as suas angústias. O Senhor está perto dos contritos de coração, e salva os que têm o espírito abatido. São numerosas as tribulações do justo, mas de todas o livra o Senhor. Ele protege cada um de seus ossos, nem um só deles será quebrado. A malícia do ímpio o leva à morte, e os que odeiam o justo serão castigados. O Senhor livra a alma de seus servos; não será punido quem a ele se acolhe.


Sl 48:2
Grande é o Senhor e digno de todo louvor, na cidade de nosso Deus.


Sl 65:5
Feliz aquele que vós escolheis, e chamais para habitar em vossos átrios. Possamos nós ser saciados dos bens de vossa casa, da santidade de vosso templo.



Sl 9: 9-14
Ele mesmo julgará o universo com justiça, com eqüidade pronunciará sentença sobre os povos. O Senhor torna-se refúgio para o oprimido, uma defesa oportuna para os tempos de perigo. Aqueles que conheceram vosso nome confiarão em vós, porque, Senhor, jamais abandonais quem vos procura. Salmodiai ao Senhor, que habita em Sião; proclamai seus altos feitos entre os povos. Porque, vingador do sangue derramado, ele se lembra deles e não esqueceu o clamor dos infelizes. Tende piedade de mim, Senhor, vede a miséria a que me reduziram os inimigos; arrancai-me das portas da morte.



Sl 103:13-18
Como um pai tem piedade de seus filhos, assim o Senhor tem compaixão dos que o temem, porque ele sabe de que é que somos feitos, e não se esquece de que somos pó. Os dias do homem são semelhantes à erva, ele floresce como a flor dos campos. Apenas sopra o vento, já não existe, e nem se conhece mais o seu lugar. É eterna, porém, a misericórdia do Senhor para com os que o temem. E sua justiça se estende aos filhos de seus filhos, sobre os que guardam a sua aliança, e, lembrando, cumprem seus mandamentos.



Sl 107:10-16
Outros estavam nas trevas e na sombra da morte, prisioneiros na miséria e em ferros, por se haverem revoltado contra as ordens de Deus e terem desprezado os desígnios do Altíssimo. Pelo sofrimento lhes humilhara o coração, sucumbiam sem que ninguém os socorresse. Em sua angústia clamaram então para o Senhor, e ele os livrou de suas tribulações. Tirou-os das trevas e da sombra da morte, quebrou-lhes os grilhões. Agradeçam ao Senhor por sua bondade, e por suas grandes obras em favor dos homens. Ele arrombou as portas de bronze, e despedaçou os ferrolhos de ferro.



Sl 119:103-105
Quão saborosas são para mim vossas palavras! São mais doces que o mel à minha boca. Vossos preceitos me fizeram sábio, por isso odeio toda senda iníqua. Vossa palavra é um facho que ilumina meus passos, uma luz em meu caminho.



Sl 139:23-24
Perscrutai-me, Senhor, para conhecer meu coração; provai-me e conhecei meus pensamentos. Vede se ando na senda do mal, e conduzi-me pelo caminho da eternidade.



Sl 150:1-5
Aleluia. Louvai o Senhor em seu santuário, louvai-o em seu majestoso firmamento. Louvai-o por suas obras maravilhosas, louvai-o por sua majestade infinita. Louvai-o ao som da trombeta, louvai-o com a lira e a cítara. Louvai-o com tímpanos e danças, louvai-o com a harpa e a flauta. Louvai-o com címbalos sonoros, louvai-o com címbalos retumbantes. Tudo o que respira louve o Senhor!

Jornada Mundial da Juventude - Sydney 2008

Como milhares de católicos, nós também acompanhamos com nossas preces a Jornada Mundial da Juventude que neste ano aconteceu em Sydney, na Austrália. Dom José Negri, bispo auxiliar de Florianópolis esteve presente juntamente com alguns jovens de nossa região e do Brasil. Foi o maior evento da história da Austrália. Eis alguns dados da Jornada:

Os números da Jornada

SYDNEY, segunda-feira, 21 de julho de 2008 (ZENIT.org).- Publicamos as estatísticas que os organizadores da Jornada Mundial da Juventude distribuíram hoje:

- 1 bilhão de pessoas acomapnharam a Jornada Mundial da Juventude pela televisão.

- Mais de 400 mil pessoas na missa conclusiva, a mais numerosa da história da Austrália.

- 223 mil registrados nas atividades da JMJ.

- 500 mil pessoas deram as boas-vindas a Bento XVI na tarde da quinta-feira, 17 de julho, quando ele chegou de barco à baía de Sydney.

- Mais de 170 nações foram representadas na Jornada.

- Os eventos foram acompanhados por 500 milhões de pessoas pela televisão, com uma audiência internacional de mais de 1 bilhão de espectadores.

- 2 mil comunicadores se cadastraram para fazer a cobertura do evento.

- Foram realizados 450 festivais juvenis entre os dias 15 e 19 de julho, em 100 lugares de Sydney.

- Do dia 15 ao dia 18 de julho, toda manhã, bispos do mundo inteiro ofereceram catequeses aos jovens em 235 lugares diferentes, em 29 idiomas.

- Mil sacerdotes ofereceram o sacramento da confissão durante a semana.

- 100 mil peregrinos dormiram em 400 escolas e paróquias.

- Mais de 12 mil peregrinos permaneceram no Parque Olímpico de Sydney durante a semana.

- 40 mil peregrinos foram acolhidos pelas famílias.

- 8 mil voluntários prestaram seus serviços nos diferentes eventos.

- Participaram do evento: 4 mil sacerdotes e diáconos, 420 bispos e 26 cardeais.

- Prepararam 1,1 milhão de hóstias para a comunhão nas missas.

- Distribuíram 25 milhões de refeições.

- Consumiram 100 mil litros de leite e 360 mil lamingtons, sobremesa típica australiana.

- Utilizaram 232 mil velas durante a Jornada.

- 100 atores participaram da Via-Sacra da sexta-feira, 18 de julho.

- A Cruz dos Jovens e o ícone de Nossa Senhora visitaram 400 cidades e povoados da Austrália, em uma peregrinação de 12 meses pelo país. Cerca de 400 mil pessoas tocaram a cruz.


O Papa Bento XVI deixou inúmeros desafios aos jovens peregrinos que se reuniram em Sydney para a XXIII Jornada Mundial da Juventude, que se encerrou nesse domingo, com o tema: «Recebereis a força do Espírito Santo, que virá sobre vós, e sereis minhas testemunhas».

No início das atividades públicas na Austrália, durante seu discurso na Government House de Sydney, na cerimônia oficial de boas-vindas, que aconteceu na quinta-feira, 17 de julho, o Santo Padre realizou já seu primeiro apelo: «Através da ação do Espírito, possam os jovens aqui reunidos para a Jornada Mundial da Juventude ter a coragem de se tornarem santos! Mais do que qualquer outra coisa, o mundo precisa disto».

Depois, no mesmo dia, ao acolher os jovens no cais de Barangaroo, quis primeiramente lançar um chamado aos jovens não-católicos, para que se aproximem «do abraço amoroso de Cristo» e reconheçam a Igreja como sua casa». No mesmo discurso, voltando-se aos jovens cristãos, o Papa os chama a serem testemunhas da esperança oferecida pelo Evangelho de Jesus Cristo, «uma visão da vida onde reine o amor, onde os dons sejam partilhados, onde se construa a unidade, onde a liberdade encontre o seu próprio significado na verdade, e onde a identidade seja encontrada numa comunhão respeitosa».

No dia seguinte, o Papa encontrou-se com jovens da comunidade de recuperação da Universidade Notre Dame de Sydney. Os jovens, apesar da pouca idade, já atravesaram duras experiências marcadas pelo álcool, as drogas ou pela tentação do suicídio. A eles, o pontífice lançou o encargo de serem «embaixadores de esperança para quantos se encontram em idênticas situações».

«Com a força do Espírito Santo, escolhei a vida, escolhei o amor e sede diante do mundo testemunhas da alegria que daí jorra», falou ao final do encontro.

Na manhã do sábado, dia 19, o Papa celebrou uma missa junto aos bispos, seminaristas, religiosos e religiosas australianos, e dirigindo-se especialmente aos jovens seminaristas e noviços, desafia-os a que «não tenhais medo! Acreditai na luz. Tomai a peito a verdade que ouvimos hoje na segunda leitura: ‘Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre’. A luz da Páscoa continua a afugentar as trevas.»

Já nesse mesmo dia, à noite, no hipódromo de Randwick, ao encontrar-se com 235 mil peregrinos reunidos para a Vigília de Oração da JMJ, o Santo Padre explica que «estar verdadeiramente vivos é ser transformados a partir de dentro, permanecer abertos à força do amor de Deus. Acolhendo a força do Espírito Santo, podereis também vós transformar as vossas famílias, as comunidades, as nações». E conclui lançando o desafio: «Libertai estes dons. Fazei com que a sabedoria, o entendimento, a fortaleza, a ciência e a piedade sejam os sinais da vossa grandeza».

No último dia do evento que reuniu peregrinos do mundo todo, durante a Celebração Eucarística de encerramento da JMJ, o Santo Padre, em sua homilia, perguntou às mais de 400 mil pessoas ali presentes sobre «o que deixariam à próxima geração», e desafiou-as a serem «profetas desta nova era, mensageiros do seu amor, capazes de atrair as pessoas para o Pai e construir um futuro de esperança para toda a humanidade».

Ainda na homilia, o bispo de Roma lançou um desafio especial àqueles que sentem um chamado de Deus a se dedicarem à vida sacerdotal: «Não tenhais medo de dizer o vosso ‘sim’ a Jesus, de encontrar a vossa alegria na realização da sua vontade, entregando-vos completamente para chegardes à santidade e pondo os vossos talentos a render para o serviço dos outros».

Por fim, logo após a oração mariana do Ângelus, na qual lembrou a proposta que Deus fez a Maria através do anúnio do Anjo, e para o qual ela disse sim, o Papa fez um apelo aos jovens, desejando que se encontrem na próxima Jornada Mundial da Juventude, que será em Madri, em 2011: «prestemos a Cristo o nosso jubiloso testemunho diante do mundo».


Via Sacra, um caminho para o Coração de Jesus

O Apóstolo São Paulo nos pede que tenhamos os mesmos sentimentos de Jesus. Para conhecermos mais e mais o Seu divino coração, ajuda muito um momento de oração acompanhando-O no seu caminho para a cruz. Aqui publicamos um roteiro de meditação escritas pelo Papa Bento XVI para a Via Sacra de 2005 no Coliseu em Roma, então Cardeal, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. As imagens são do famoso artista plástico brasileiro Cândido Portinari. Boa oração.

PRIMEIRA ESTAÇÃO
Jesus é condenado à morte

V. Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos,
R. porque por vossa santa cruz remistes o mundo.

Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus (Mt 27: 22-23.26)
Retorquiu-lhes Pilatos: "E que farei com Jesus que é chamado Messias?" Replicaram todos: "Seja crucificado!" Pilatos insistiu: "Então, que mal fez Ele?" Mas eles gritavam mais ainda: "Seja crucificado!" (...) Soltou-lhes então Barrabás. E a Jesus, depois de O ter mandado açoitar, entregou-O para ser crucificado.

MEDITAÇÃO:
O Juiz do mundo, que um dia voltará para nos julgar a todos, está ali, aniquilado, insultado e inerme diante do juiz terreno. Pilatos não é um monstro de malvadez. Sabe que este condenado é inocente; procura um modo de O libertar. Mas o seu coração está dividido. E, no fim, faz prevalecer a sua posição, a si mesmo, sobre o direito. Também os homens que gritam e pedem a morte de Jesus não são monstros de malvadez. Muitos deles, no dia de Pentecostes, sentir-se-ão «emocionados até ao fundo do coração» (Atos 2: 37), quando Pedro lhes disser: A «Jesus de Nazaré, Homem acreditado por Deus junto de vós, (...), matastes, cravando-O na cruz pela mão de gente perversa» (Atos 2: 22.23). Mas naquele momento sofrem a influência da multidão. Gritam porque os outros gritam e como gritam os outros. E, assim, a justiça é espezinhada pela covardia, pela pusilanimidade, pelo medo dos ditames da mentalidade predominante. A voz subtil da consciência fica sufocada pelos gritos da multidão. A indecisão, o respeito humano dão força ao mal.

ORAÇÃO
Senhor, fostes condenado à morte porque o medo do olhar alheio sufocou a voz da consciência. E, assim, acontece que, sempre ao longo de toda a história, inocentes sejam maltratados, condenados e mortos. Quantas vezes também nós preferimos o sucesso à verdade, a nossa reputação à justiça. Dai força, na nossa vida, à voz subtil da consciência, à vossa voz. Olhai-me como olhastes para Pedro depois de Vos ter negado. Fazei com que o vosso olhar penetre nas nossas almas e indique a direção à nossa vida. Àqueles que na Sexta-feira Santa gritaram contra Vós, no dia de Pentecostes destes a contrição do coração e a conversão. E assim destes esperança a todos nós. Não cesseis de dar também a nós a graça da conversão.

SEGUNDA ESTAÇÃO
Jesus é carregado com a cruz

V. Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos,
R. porque por vossa santa cruz remistes o mundo.

Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus (Mt 27: 27-31)
Então, os soldados do governador levaram Jesus consigo para o Pretório e reuniram junto d'Ele toda a companhia. Depois de O terem despido, envolveram-n'O em um manto encarnado. Teceram uma coroa de espinhos, que Lhe puseram na cabeça, e, na mão direita, colocaram-Lhe uma cana. Ajoelharam-se diante d'Ele e escarneceram-n'O dizendo: "Salve, ó rei dos Judeus!" Depois, cuspiram n'Ele e pegaram na cana e puseram-se a bater-Lhe com ela na cabeça. No fim de O terem escarnecido, despiram-Lhe o manto, vestiram-Lhe as suas roupas e levaram-n'O para O crucificarem.

MEDITAÇÃO
Jesus, condenado como pretenso rei, é escarnecido, mas precisamente na troça aparece cruelmente a verdade. Quantas vezes as insígnias do poder trazidas pelos poderosos deste mundo são um insulto à verdade, à justiça e à dignidade do homem! Quantas vezes os seus rituais e as suas grandes palavras, verdadeiramente, não passam de pomposas mentiras, uma caricatura do dever que lhes incumbe por força do seu cargo, ou seja, colocar-se ao serviço do bem. Por isso mesmo, Jesus, Aquele que é escarnecido e que traz a coroa do sofrimento, é o verdadeiro rei. O seu cetro é justiça (cf. Sl 45/44: 7). O preço da justiça é sofrimento neste mundo: Ele, o verdadeiro rei, não reina por meio da violência, mas através do amor com que sofre por nós e conosco. Ele carrega a cruz, a nossa cruz, o peso de sermos homens, o peso do mundo. É assim que Ele nos precede e mostra como encontrar o caminho para a vida verdadeira.

ORAÇÃO
Senhor, deixastes que Vos escarnecessem e ultrajassem. Ajudai-nos a não fazer coro com aqueles que escarnecem quem sofre e quem é frágil. Ajudai-nos a reconhecer o vosso rosto em quem é humilhado e marginalizado. Ajudai-nos a não desanimar perante as zombarias do mundo quando a obediência à vossa vontade é metida a ridículo. Carregastes a cruz e convidastes-nos a seguir-Vos por este caminho (Mt 10: 38). Ajudai-nos a aceitar a cruz, a não fugir dela, a não lamentarmo-nos nem deixar que os nossos corações se abatam com as provas da vida. Ajudai-nos a percorrer o caminho do amor e, obedecendo às suas exigências, a alcançar a verdadeira alegria.

TERCEIRA ESTAÇÃO
Jesus cai pela primeira vez

V. Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos,
R. porque por vossa santa cruz remistes o mundo.

Leitura do livro do profeta Isaías (Is 53: 4-6)
Eram os nossos males que Ele suportava, e as nossas dores que tinha sobre Si. Mas nós víamos n’Ele um homem castigado, ferido por Deus e sujeito à humilhação. Ele foi trespassado por causa das nossas culpas, e esmagado devido às nossas faltas. O castigo que nos salva, caiu sobre Ele, e por causa das suas chagas é que fomos curados. Todos nós, como ovelhas, andávamos errantes, seguindo cada qual o seu caminho. E o Senhor fez cair sobre Ele as faltas de todos nós.

MEDITAÇÃO
O homem caiu e continua a cair: quantas vezes ele se torna a caricatura de si mesmo, já não é a imagem de Deus, mas algo que mete a ridículo o Criador. Aquele que, ao descer de Jerusalém para Jericó, embateu nos ladrões que o despojaram deixando-o meio morto, sangrando na beira da estrada, não é porventura a imagem por excelência do homem? A queda de Jesus sob a cruz não é apenas a queda do homem Jesus já extenuado pela flagelação. Aqui aparece algo de mais profundo, como diz Paulo na carta aos Filipenses: «Ele que era de condição divina não reivindicou o direito de ser equiparado a Deus. Mas despojou-Se a Si mesmo tomando a condição de servo, tornando-Se semelhante aos homens (…) humilhou-Se a Si mesmo, feito obediente até à morte e morte de cruz» (Fil 2: 6-8). Na queda de Jesus sob o peso da cruz, é visível todo este seu itinerário: a sua voluntária humilhação para nos levantar do nosso orgulho. E ao mesmo tempo aparece a natureza do nosso orgulho: a soberba pela qual desejamos emancipar-nos de Deus sendo apenas nós mesmos, pela qual cremos que não temos necessidade do amor eterno, mas queremos organizar a nossa vida sozinhos. Nesta revolta contra a verdade, nesta tentativa de nos tornarmos deus, de sermos criadores e juízes de nós mesmos, caímos e acabamos por auto-destruir-nos. A humilhação de Jesus é a superação da nossa soberba: com a sua humilhação, Ele faz-nos levantar. Deixemos que nos levante. Despojemos-nos da nossa auto-suficiência, da nossa errada cisma de autonomia e aprendamos o contrário d’Ele, d’Aquele que Se humilhou, ou seja, aprendamos a encontrar a nossa verdadeira grandeza, humilhando-nos e voltando-nos para Deus e para os irmãos espezinhados.

ORAÇÃO
Senhor Jesus, o peso da cruz fez-Vos cair por terra. O peso do nosso pecado, o peso da nossa soberba deita-Vos ao chão. Mas, a vossa queda não é sinal de um destino adverso, nem é a pura e simples fraqueza de quem é espezinhado. Quisestes vir até junto de nós que, pela nossa soberba, jazemos por terra. A soberba de pensar que somos capazes de produzir o homem fez com que os homens se tenham tornado um espécie de mercadoria para comprar e vender, como que uma reserva de material para as nossas experiências, pelas quais esperamos de, por nós mesmos, superar a morte, quando, na verdade, conseguimos apenas humilhar cada vez mais profundamente a dignidade do homem. Senhor, vinde em nossa ajuda, porque caímos. Ajudai-nos a abandonar a nossa soberba devastadora e, aprendendo da vossa humildade, a pormo-nos novamente de pé.

QUARTA ESTAÇÃO
Jesus encontra sua Mãe

V. Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos,
R. porque por vossa santa cruz remistes o mundo.

Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas (Lc2: 34-35.51)
Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua Mãe: "Ele foi estabelecido para a queda e o ressurgir de muitos em Israel, e para ser sinal de contradição; e uma espada Te há de traspassar a alma. Assim se deverão revelar os intentos de muitos corações" (...) Sua mãe guardava no coração todas estas recordações.

MEDITAÇÃO
Na Via-Sacra de Jesus, aparece também Maria, sua Mãe. Durante a sua vida pública, teve de ficar de lado para dar lugar ao nascimento da nova família de Jesus, a família dos seus discípulos. Teve também de ouvir estas palavras: «Quem é a minha Mãe e quem são os meus irmãos? (…) Todo aquele que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe» (Mt 12: 48.50). Pode-se agora constatar que Ela é a Mãe de Jesus não só no corpo, mas também no coração. Ainda antes de O ter concebido no corpo, pela sua obediência concebera-O no coração. Fora-Lhe dito: «Conceberás no teu seio e darás à luz um filho (…) Será grande (…) O Senhor Deus dar-Lhe-á o trono de seu pai David» (Lc 1: 31-32). Mas algum tempo depois ouvira da boca do velho Simeão uma palavra diferente: «Uma espada te transpassará a alma» (Lc 2: 35). Deste modo ter-Se-á lembrado de certas palavras pronunciadas pelos profetas, tais como: «Foi maltratado e resignou-se, não abriu a boca, como cordeiro levado ao matadouro» (Is 53: 7). Agora tudo isto se torna realidade. No coração, tinha sempre conservado as palavras que o anjo Lhe dissera quando tudo começou: «Não tenhas receio, Maria» (Lc 1: 30). Os discípulos fugiram; Ela não foge. Ela está ali, com a coragem de mãe, com a fidelidade de mãe, com a bondade de mãe, e com a sua fé, que resiste na escuridão: «Feliz daquela que acreditou» (Lc 1: 45). «Mas, quando o Filho do Homem voltar, encontrará fé sobre a terra?» (Lc 18: 8). Sim, agora Ele sabe-o: encontrará fé. E esta é, naquela hora, a sua grande consolação.

ORAÇÃO
Santa Maria, Mãe do Senhor, permanecestes fiel quando os discípulos fugiram. Tal como acreditastes quando o anjo Vos anunciou o que era incrível – que haverias de ser Mãe do Altíssimo – assim também acreditastes na hora da sua maior humilhação. E foi assim que, na hora da cruz, na hora da noite mais escura do mundo, Vos tornastes Mãe dos crentes, Mãe da Igreja. Nós Vos pedimos: ensinai-nos a acreditar e ajudai-nos para que a fé se torne coragem de servir e gesto de um amor que socorre e sabe partilhar o sofrimento.

QUINTA ESTAÇÃO
Jesus é ajudado a levar a cruz pelo Cireneu

V. Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos,
R. porque por vossa santa cruz remistes o mundo.

Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus (Mt 27: 32; 16, 24)
Ao saírem, encontraram um homem de Cirene, chamado Simão, e requisitaram-no, para levar a cruz de Jesus. Jesus disse aos seus discípulos: "Se alguém quiser seguir-Me, renegue-se a si mesmo, pegue na sua cruz e siga-Me".

MEDITAÇÃO
Simão de Cirene regressa do trabalho, vai a caminho de casa quando se cruza com aquele triste cortejo de condenados – para ele talvez fosse um espetáculo habitual. Os soldados valem-se do seu direito de coação e colocam a cruz às costas dele, robusto homem do campo. Que aborrecimento não deverá ter sentido ao ver-se inesperadamente envolvido no destino daqueles condenados! Faz o que deve fazer, mas certamente com grande relutância. E todavia o evangelista Marcos nomeia, juntamente com ele, também os seus filhos, que evidentemente eram conhecidos como cristãos, como membros daquela comunidade (Mc 15: 21). Do encontro involuntário, brotou a fé. Acompanhando Jesus e compartilhando o peso da cruz, o Cireneu compreendeu que era uma graça poder caminhar juntamente com este Crucificado e assisti-Lo. O mistério de Jesus que sofre calado tocou-lhe o coração. Jesus, cujo amor divino era o único que podia, e pode, redimir a humanidade inteira, quer que compartilhemos a sua cruz para completar o que ainda falta aos seus sofrimentos (Col 1: 24). Sempre que, bondosamente, vamos ao encontro de alguém que sofre, alguém que é perseguido e inerme, partilhando o seu sofrimento ajudamos a levar a própria cruz de Jesus. E assim obtemos salvação, e nós mesmos podemos contribuir para a salvação do mundo.

ORAÇÃO
Senhor, abristes a Simão de Cirene os olhos e o coração, dando-lhe, na partilha da cruz, a graça da fé. Ajudai-nos a assistir o nosso próximo que sofre, ainda que este chamamento resultasse em contradição com os nossos projetos e as nossas simpatias. Concedei-nos reconhecer que é uma graça poder partilhar a cruz dos outros e experimentar que dessa forma estamos a caminhar convosco. Fazei-nos reconhecer com alegria que é precisamente pela partilha do vosso sofrimento e dos sofrimentos deste mundo que nos tornamos ministros da salvação, podendo assim ajudar a construir o vosso corpo, a Igreja.

SEXTA ESTAÇÃO
A Verônica limpa o rosto de Jesus

V. Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos,
R. porque por vossa santa cruz remistes o mundo.

Leitura do livro do profeta Isaías (Is 53: 2-3)
O meu Servo cresceu (…) sem distinção nem beleza que atraia o nosso olhar, nem aspecto agradável que possa cativar-nos. Desprezado e repelido pelos homens, homem de dores, afeito ao sofrimento, é como aquele a quem se volta a cara, pessoa desprezível, da qual se não faz caso.

Leitura do livro dos Salmos (Sl 27/26: 8-9)
Segredou-me o coração: "Procura a sua face!" É, Senhor, o vosso rosto que eu persigo. Não escondais de mim o vosso rosto, nem rejeiteis com ira o vosso servo. Vós sois a minha ajuda, o Deus da minha salvação.

MEDITAÇÃO
«É, Senhor, o vosso rosto que eu persigo. Não escondais de mim o vosso rosto» (Sl 27/26: 8). Verônica – Berenice, segundo a tradição grega – encarna este anseio que irmana todos os homens piedosos do Antigo Testamento, o anseio que provam todos os homens crentes de verem o rosto de Deus. Em todo o caso, na Via-Sacra de Jesus, inicialmente ela limitara-se a prestar um serviço de gentileza feminina: oferecer um lenço a Jesus. Não se deixa contagiar pela brutalidade dos soldados, nem imobilizar pelo medo dos discípulos. É a imagem da mulher bondosa que, perante o turbamento e escuridão dos corações, mantém a coragem da bondade, não permite ao seu coração de permanecer na escuridão: «Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus» – dissera o Senhor no Discurso da Montanha (Mt 5: 8). Ao princípio, Verônica via apenas um rosto maltratado e marcado pela dor. Mas, o ato de amor imprime no seu coração a verdadeira imagem de Jesus: no Rosto humano, coberto de sangue e de feridas, ela vê o Rosto de Deus e da sua bondade que nos acompanha mesmo na dor mais profunda. Somente com o coração podemos ver Jesus. Apenas o amor nos torna capazes de ver e nos torna puros. Só o amor nos faz reconhecer Deus, que é o próprio amor.

ORAÇÃO
Senhor, dai-nos a inquietação do coração que procura o vosso rosto. Protegei-nos do obscurecimento do coração que vê apenas a superfície das coisas. Concedei-nos aquela generosidade e pureza de coração que nos tornam capazes de ver a vossa presença no mundo. Quando não formos capazes de realizar grandes coisas, dai-nos a coragem de uma bondade humilde. Imprimi o vosso rosto nos nossos corações, para Vos podermos encontrar e mostrar ao mundo a vossa imagem.

SÉTIMA ESTAÇÃO
Jesus cai pela segunda vez

V. Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos,
R. porque por vossa santa cruz remistes o mundo.

Leitura do livro das Lamentações (Lm 3: 1-2.9.16)
Eu sou o homem que conheceu a miséria sob a vara do seu furor. Ele me guiou e me fez andar nas trevas e não na luz. (…) Embarrou meus caminhos com blocos de pedra, obstruiu minhas veredas. (…) Ele quebrou meus dentes com cascalho, mergulhou-me na cinza.

MEDITAÇÃO
A tradição da tríplice queda de Jesus sob o peso da cruz recorda a queda de Adão – o ser humano caído que somos nós – e o mistério da associação de Jesus à nossa queda. Na história, a queda do homem assume sempre novas formas. Na sua primeira carta, S. João fala duma tríplice queda do homem: a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida. Assim interpreta ele a queda do homem e da humanidade, no horizonte dos vícios do seu tempo com todos os seus excessos e depravações. Mas, olhando a história mais recente, podemos também pensar como a cristandade, cansada da fé, abandonou o Senhor: as grandes ideologias, com a banalização do homem que já não crê em nada e se deixa simplesmente ir à deriva, construíram um novo paganismo, um paganismo pior que o antigo, o qual, desejoso de marginalizar definitivamente Deus, acabou por perder o homem. Eis o homem que jaz no pó. O Senhor carrega este peso e cai... cai, para poder chegar até nós; Ele olha-nos para que em nós volte a palpitar o coração; cai para nos levantar.

ORAÇÃO
Senhor Jesus Cristo, carregastes o nosso peso e continuais a carregar-nos. É o nosso peso que Vos faz cair. Mas sois Vós a levantar-nos, porque, sozinhos, não conseguimos levantar-nos do pó. Livrai-nos do poder da concupiscência. Em vez do coração de pedra, dai-nos novamente um coração de carne, um coração capaz de ver. Destruí o poder das ideologias, para os homens poderem reconhecer que estão permeadas de mentiras. Não permitais que o muro do materialismo se torne intransponível. Fazei que Vos ouçamos de novo. Tornai-nos sóbrios e vigilantes para podermos resistir às forças do mal, e ajudai-nos a reconhecer as necessidades interiores e exteriores dos outros, e a socorrê-las. Erguei-nos, para podermos levantar os outros. Concedei-nos esperança no meio de toda esta escuridão, para podermos ser portadores de esperança no mundo.

OITAVA ESTAÇÃO
Jesus encontra as mulheres de Jerusalém que choram por Ele

V. Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos,
R. porque por vossa santa cruz remistes o mundo.

Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas (Lc 23: 28-31)
Jesus voltou-Se para elas e disse-lhes: "Mulheres de Jerusalém, não choreis por Mim; chorai antes por vós mesmas e pelos vossos filhos. Pois dias virão em que se dirá: "Felizes as estéreis, as entranhas que não tiveram filhos e os peitos que não amamentaram". Nessa altura, começarão a dizer aos montes: "Caí sobre nós", e às colinas: "Encobri-nos". Porque se fazem assim no madeiro verde, que será no madeiro seco?"

MEDITAÇÃO
As palavras com que Jesus adverte as mulheres de Jerusalém que O seguem e choram por Ele, fazem-nos refletir. Como entendê-las? Não se trata porventura de uma advertência contra uma piedade puramente sentimental, que não se torna conversão e fé vivida? De nada serve lamentar, por palavras e sentimentalmente, os sofrimentos deste mundo, se a nossa vida continua sempre igual. Por isso, o Senhor nos adverte do perigo em que nós próprios nos encontramos. Mostra-nos a seriedade do pecado e a seriedade do juízo. Apesar de todas as nossas palavras de horror à vista do mal e dos sofrimentos dos inocentes, não somos nós porventura demasiado inclinados a banalizar o mistério do mal? Da imagem de Deus e de Jesus, no fim de contas, admitimos apenas o aspecto terno e amável, enquanto tranquilamente cancelamos o aspecto do juízo? Como poderia Deus fazer-Se um drama com a nossa fragilidade – pensamos cá conosco –, não passamos de simples homens?! Mas, fixando os sofrimentos do Filho, vemos toda a seriedade do pecado, vemos como tem de ser expiado até ao fim para poder ser superado. Não se pode continuar a banalizar o mal, quando vemos a imagem do Senhor que sofre. Também a nós, diz Ele: Não choreis por Mim, chorai por vós próprios... porque se tratam assim o madeiro verde, que será do madeiro seco?

ORAÇÃO
Senhor, às mulheres que choravam, falastes de penitência, do dia do Juízo, quando nos encontrarmos diante da vossa face, a face do Juiz do mundo. Chamais-nos a sair da banalização do mal que nos deixa tranqüilos para podermos continuar a nossa vida de sempre. Mostrai-nos a seriedade da nossa responsabilidade, o perigo de sermos encontrados, no Juízo, culpados e estéreis. Fazei com que não nos limitemos a caminhar ao vosso lado, oferecendo apenas palavras de compaixão. Convertei-nos e dai-nos uma vida nova; não permitais que acabemos por ficar como um madeiro seco, mas fazei que nos tornemos ramos vivos em Vós, a videira verdadeira, e produzamos fruto para a vida eterna (cf. Jo 15: 1-10).

NONA ESTAÇÃO
Jesus cai pela terceira vez

V. Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos,
R. porque por vossa santa cruz remistes o mundo.

Leitura do livro das Lamentações (Lm 3: 27-32)
É bom para o homem suportar o jugo desde a sua juventude. Que esteja solitário e silencioso, quando o Senhor o impuser sobre ele; que ponha sua boca no pó: talvez haja esperança! Que dê sua face a quem o fere e se sacie de opróbrios. Pois o Senhor não rejeita para sempre: se Ele aflige, Ele se compadece segundo a sua grande bondade.

MEDITAÇÃO
E que dizer da terceira queda de Jesus sob o peso da cruz? Pode talvez fazer-nos pensar na queda do homem em geral, no afastamento de muitos de Cristo, caminhando à deriva para um secularismo sem Deus. Mas não deveríamos pensar também em tudo quanto Cristo tem sofrido na sua própria Igreja? Quantas vezes se abusa do Santíssimo Sacramento da sua presença, frequentemente como está vazio e ruim o coração onde Ele entra! Tantas vezes celebramos apenas nós próprios, sem nos darmos conta sequer d’Ele! Quantas vezes se contorce e abusa da sua Palavra! Quão pouca fé existe em tantas teorias, quantas palavras vazias! Quanta sujeira há na Igreja, e precisamente entre aqueles que, no sacerdócio, deveriam pertencer completamente a Ele! Quanta soberba, quanta auto-suficiência! Respeitamos tão pouco o sacramento da reconciliação, onde Ele está à nossa espera para nos levantar das nossas quedas! Tudo isto está presente na sua paixão. A traição dos discípulos, a recepção indigna do seu Corpo e do seu Sangue é certamente o maior sofrimento do Redentor, o que Lhe trespassa o coração. Nada mais podemos fazer que dirigir-Lhe, do mais fundo da alma, este grito: Kyrie, eleison – Senhor, salvai-nos (cf. Mt 8: 25).

ORAÇÃO
Senhor, muitas vezes a vossa Igreja parece-nos uma barca que está para afundar, uma barca que mete água por todos os lados. E mesmo no vosso campo de trigo, vemos mais cizânia que trigo. O vestido e o rosto tão sujos da vossa Igreja horrorizam-nos. Mas somos nós mesmos que os sujamos! Somos nós mesmos que Vos traímos sempre, depois de todas as nossas grandes palavras, os nossos grandes gestos. Tende piedade da vossa Igreja: também dentro dela, Adão continua a cair. Com a nossa queda, deitamo-Vos ao chão, e Satanás a rir-se porque espera que não mais conseguireis levantar-Vos daquela queda; espera que Vós, tendo sido arrastado na queda da vossa Igreja, ficareis por terra derrotado. Mas, Vós erguer-Vos-eis. Vós levantastes-Vos, ressuscitastes e podeis levantar-nos também a nós. Salvai e santificai a vossa Igreja. Salvai e santificai a todos nós.

DÉCIMA ESTAÇÃO
Jesus é despojado das suas vestes

V. Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos,
R. porque por vossa santa cruz remistes o mundo.

Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus (Mt 27: 33-36)
Chegados a um lugar chamado Gólgota, quer dizer «Lugar do Crânio», deram-Lhe a beber vinho misturado com fel. Mas Jesus, quando o provou, não quis beber. Depois de O terem crucificado, repartiram entre si as suas vestes, tirando-as à sorte, e ficaram ali sentados a guardá-Lo.

MEDITAÇÃO
Jesus é despojado das suas vestes. A roupa confere ao homem a sua posição social; dá-lhe o seu lugar na sociedade, fá-lo sentir alguém. Ser despojado em público significa que Jesus já não é ninguém, nada mais é que um marginalizado, desprezado por todos. O momento do despojamento recorda-nos também a expulsão do paraíso: ficou sem o esplendor de Deus o homem, que agora está, ali, nu e exposto, desnudado e envergonha-se. Deste modo, Jesus assume mais uma vez a situação do homem caído. Jesus despojado recorda-nos o fato de que todos nós perdemos a «primeira veste», isto é, o esplendor de Deus. Junto da cruz, os soldados lançam sortes para repartirem entre si os seus míseros haveres, as suas vestes. Os evangelistas narram isto com palavras tiradas do Salmo 22: 19 e assim afirmam-nos o mesmo que Jesus há de dizer aos discípulos de Emaús: tudo aconteceu «conforme as Escrituras». Não se trata aqui de pura coincidência, tudo o que acontece está contido na Palavra de Deus e assente no seu desígnio divino. O Senhor experimenta todos os estádios e degraus da perdição dos homens, e cada um destes degraus é, com toda a sua amargura, um passo da redenção: é precisamente assim que Ele traz de volta para casa a ovelha perdida. Recordemos ainda que, segundo diz S. João, o objeto do sorteio era a túnica de Jesus, a qual, «toda tecida de alto a baixo, não tinha costura» (Jo 19: 23). Podemos considerar isto como uma alusão à veste do sumo sacerdote, que era «tecida como um todo», sem costura (Flávio Josefo, Antiguidades Judaicas, III, 161). Ele, o Crucificado, é realmente o verdadeiro sumo sacerdote.

ORAÇÃO
Senhor Jesus, fostes despojado das vossas vestes, exposto à desonra, expulso da sociedade. Assumistes sobre Vós a desonra de Adão, sanando-a. Assumistes os sofrimentos e as necessidades dos pobres, daqueles que são expulsos do mundo. Deste modo é que realizais a palavra dos profetas. É precisamente assim que dais significado àquilo que não tem significado. Assim mesmo nos dais a conhecer que nas mãos do vosso Pai estais Vós, nós e o mundo. Concedei-nos um respeito profundo pelo homem em todas as fases da sua existência e em todas as situações onde o encontrarmos. Dai-nos a veste luminosa da vossa graça.

DÉCIMA PRIMEIRA ESTAÇÃO
Jesus pé pregado na Cruz

V. Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos,
R. porque por vossa santa cruz remistes o mundo.

Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus (Mt 27: 37-42)
Puseram por cima da cabeça d'Ele um letreiro escrito com a causa da condenação: "Este é Jesus, o Rei dos Judeus". Foram então crucificados com Ele dois salteadores, um à direita e outro à esquerda. Os que passavam dirigiam-Lhe insultos, abanavam a cabeça e diziam: "Tu que demolias o Templo e o reedificavas em três dias, salva-Te a Ti mesmo, se és Filho de Deus, e desce da cruz!" De igual modo, também os sumos sacerdotes troçavam, juntamente com os escribas e os anciãos, e diziam: "Salvou os outros e a Si mesmo não pode salvar-Se! É Rei de Israel! Desça agora da cruz, e acreditaremos n'Ele".

MEDITAÇÃO
Jesus é pregado na cruz. O sudário de Turim permite formar uma idéia da crueldade incrível deste processo. Jesus não toma a bebida anestesiante que Lhe fora oferecida: conscientemente assume todo o sofrimento da crucifixão. Todo o seu corpo é martirizado; cumpriram-se as palavras do Salmo: «Eu, porém, sou um verme e não um homem, o opróbrio dos homens e a abjeção da plebe» (Sl 22/21: 7). «Como um homem (…) diante do qual se tapa o rosto, menosprezado e desestimado. Na verdade Ele tomou sobre Si as nossas doenças, carregou as nossas dores» (Is 53: 3-4). Detenhamo-nos diante desta imagem de sofrimento, diante do Filho de Deus sofredor. Olhemos para Ele nos momentos de presunção e de prazer, para aprendermos a respeitar os limites e a ver a superficialidade de todos os bens puramente materiais. Olhemos para Ele nos momentos de calamidade e de angústia, para reconhecermos que precisamente assim estamos perto de Deus. Procuremos reconhecer o seu rosto naqueles que tendemos a desprezar. Diante do Senhor condenado, que não quer usar o seu poder para descer da cruz, mas antes suportou o sofrimentos da cruz até ao fim, pode assomar ainda outro pensamento. Inácio de Antioquia, ele mesmo preso com cadeias pela sua fé no Senhor, elogiou os cristãos de Esmirna pela sua fé inabalável: afirma que estavam, por assim dizer, pregados com a carne e o sangue à cruz do Senhor Jesus Cristo (1, 1). Deixemo-nos pregar a Ele, sem ceder a qualquer tentação de nos separarmos nem ceder às zombarias que pretendem levar-nos a fazê-lo.

ORAÇÃO
Senhor Jesus Cristo, fizestes-Vos pregar na cruz, aceitando a crueldade terrível deste tormento, a destruição do vosso corpo e da vossa dignidade. Fizestes-Vos pregar, sofrestes sem evasões nem descontos. Ajudai-nos a não fugir perante o que somos chamados a realizar. Ajudai-nos a fazermo-nos ligar estreitamente a Vós. Ajudai-nos a desmascarar a falsa liberdade que nos quer afastar de Vós. Ajudai-nos a aceitar a vossa liberdade «ligada» e a encontrar nesta estreita ligação convosco a verdadeira liberdade.

DÉCIMA SEGUNDA ESTAÇÃO
Jesus morre na Cruz

V. Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos,
R. porque por vossa santa cruz remistes o mundo.

Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus (Mt 27: 45-50.54)
A partir do meio-dia, houve trevas em toda a região, até às três horas da tarde. E, pelas três horas da tarde, Jesus bradou com voz forte: "Eli, Eli, lemá sabachthani", quer dizer, "Meu Deus, Meu Deus, porque Me abandonaste?" Alguns dos presentes ouviram e disseram: «Está chamando por Elias». E logo um deles correu a pegar numa esponja, ensopou-a em vinagre, pô-la numa cana e deu-Lhe a beber. Mas os outros disseram: «Deixa lá! Vejamos se Elias vem salvá-Lo». E Jesus, dando novamente um forte brado, expirou. Entretanto, o centurião e os que estavam com ele de guarda a Jesus, ao verem o tremor de terra e o que estava a suceder, ficaram aterrados e disseram: «Ele era, na verdade, Filho de Deus».

MEDITAÇÃO
No cimo da cruz de Jesus – nas duas línguas do mundo de então, o grego e o latim, e na língua do povo eleito, o hebraico – está escrito quem é: o Rei dos Judeus, o Filho prometido a David. Pilatos, o juiz injusto, tornou-se profeta sem querer. Perante a opinião pública mundial é proclamada a realeza de Jesus. O próprio Jesus não tinha aceite o título de Messias, enquanto poderia induzir a uma idéia errada, humana, de poder e de salvação. Mas, agora, o título pode estar escrito ali publicamente sobre o Crucificado. Ele, assim, é verdadeiramente o rei do mundo. Agora foi verdadeiramente «elevado». Na sua descida, Ele subiu. Agora cumpriu radicalmente o mandamento do amor, cumpriu a oferta de Si próprio, e precisamente deste modo Ele é agora a manifestação do verdadeiro Deus, daquele Deus que é amor. Agora sabemos quem é Deus. Agora sabemos como é a verdadeira realeza. Jesus reza o Salmo 22, que começa por estas palavras: «Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonaste?» (Sal 22/21: 2). Assume em Si mesmo todo o Israel, a humanidade inteira, que sofre o drama da escuridão de Deus, e faz com que Deus Se manifeste precisamente onde parece estar definitivamente derrotado e ausente. A cruz de Cristo é um acontecimento cósmico. O mundo fica na escuridão, quando o Filho de Deus sofre a morte. A terra treme. E junto da cruz tem início a Igreja dos pagãos. O centurião romano reconhece, compreende que Jesus é o Filho de Deus. Da cruz, Ele triunfa sem cessar.

ORAÇÃO
Senhor Jesus Cristo, na hora da vossa morte, o sol escureceu. Sois pregado na cruz sem cessar. Precisamente nesta hora da história, vivemos na escuridão de Deus. Pelo sofrimento sem medida e pela maldade dos homens o rosto de Deus, o vosso rosto, aparece obscurecido, irreconhecível. Mas foi precisamente na cruz que Vos fizestes reconhecer. Precisamente enquanto sois Aquele que sofre e que ama, sois aquele que é elevado. Foi precisamente lá que triunfastes. Ajudai-nos a reconhecer, nesta hora de escuridão e confusão, o vosso rosto. Ajudai-nos a crer em Vós e a seguir-Vos precisamente na hora da escuridão e da privação. Mostrai-Vos novamente ao mundo nesta hora. Fazei com que a vossa salvação se manifeste.

DÉCIMA TERCEIRA ESTAÇÃO
Jesus é descido da Cruz e entregue a sua Mãe

V. Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos,
R. porque por vossa santa cruz remistes o mundo.

Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus (Mt 27: 54-55)
O centurião e os que estavam com ele de guarda a Jesus, ao verem o tremor de terra e o que estava a suceder, ficaram aterrados e disseram: «Ele era, na verdade, Filho de Deus». Estavam ali, a observar de longe, muitas mulheres, que tinham seguido Jesus desde a Galiléia, para O servirem.

MEDITAÇÃO
Jesus morreu, o seu coração é trespassado pela lança do soldado romano e dele brotam sangue e água: misteriosa imagem do rio dos sacramentos, do Batismo e da Eucaristia, dos quais, em virtude do coração trespassado do Senhor, renasce incessantemente a Igreja. E não Lhe são quebradas as pernas, como aos outros dois crucificados; deste modo Ele aparece como o verdadeiro cordeiro pascal, ao qual nenhum osso deve ser quebrado (cf. Ex 12: 46). E agora que tudo suportou, vemos que Ele, apesar de toda a confusão dos corações, apesar do poder do ódio e da cobardia, não ficou sozinho. Os fiéis existem. Junto da cruz, estavam Maria, sua Mãe, a irmã de sua Mãe, Maria, Maria de Magdala e o discípulo que Ele amava. Agora chega também um homem rico, José de Arimateia: o rico encontra modo de passar pela buraco de uma agulha, porque Deus lhe dá a graça. Sepulta Jesus no seu túmulo ainda intacto, num jardim: o cemitério onde fica sepultado Jesus transforma-se em jardim, no jardim donde fora expulso Adão quando se separara da plenitude da vida, do seu Criador. O túmulo no jardim faz-nos saber que o domínio da morte está para terminar. E chega também um membro do Sinédrio, Nicodemos, a quem Jesus tinha anunciado o mistério do renascimento pela água e pelo Espírito. Até no Sinédrio, que tinha decidido a sua morte, há alguém que acredita, que conhece e reconhece Jesus após a sua morte. Sobre a hora do grande luto, da grande escuridão e do desespero, aparece misteriosamente a luz da esperança. O Deus escondido permanece em todo o caso o Deus vivo e próximo. O Senhor morto permanece em todo o caso o Senhor e nosso Salvador, mesmo na noite da morte. A Igreja de Jesus Cristo, a sua nova família, começa a formar-se.

ORAÇÃO
Senhor, descestes à escuridão da morte. Mas o vosso corpo é recolhido por mãos bondosas e envolvido num cândido lençol (Mt 27: 59). A fé não está completamente morta, não se pôs totalmente o sol. Quantas vezes parece que Vós estais a dormir. Como é fácil a nós, homens, afastar-nos dizendo para nós mesmos: Deus morreu. Fazei com que, na hora da escuridão, reconheçamos que em todo o caso Vós estais lá. Não nos deixeis sozinhos quando tendemos a desanimar. Ajudai-nos a não deixar-Vos sozinho. Dai-nos uma fidelidade que resista no desânimo e um amor que Vos acolha no momento mais extremo da vossa necessidade, como a vossa Mãe, que Vos abraçou de novo no seu regaço. Ajudai-nos, ajudai os pobres e os ricos, os simples e os sábios, a ver através dos seus medos e preconceitos e a oferecer-Vos a nossa capacidade, o nosso coração, o nosso tempo, preparando assim o jardim no qual possa dar-se a ressurreição.

DÉCIMA QUARTA ESTAÇÃO
Jesus é sepultado

V. Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos,
R. porque por vossa santa cruz remistes o mundo.

Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus (Mt 27: 59-61)
José pegou no corpo de Jesus, envolveu-o num lençol limpo e depositou-o no seu túmulo novo, que tinha mandado escavar na rocha. Depois, rolou uma grande pedra para a porta do túmulo e retirou-se. Entretanto, estavam ali Maria de Magdala e a outra Maria, sentadas em frente do sepulcro.

MEDITAÇÃO
Jesus, desonrado e ultrajado, é deposto com todas as honras num túmulo novo. Nicodemos traz uma mistura de mirra e aloés de cem libras destinada a emanar um perfume precioso. Agora na oferta do Filho revela-se, como sucedera já na unção de Betânia, um excesso que nos recorda o amor generoso de Deus, a «superabundância» do seu amor. Deus faz generosamente oferta de Si próprio. Se a medida de Deus é superabundante, também para nós nada deveria ser demasiado para Deus. Foi o que o próprio Jesus nos ensinou no discurso da Montanha (Mt 5: 20). Mas é preciso lembrar também as palavras de S. Paulo a propósito de Deus, que «por nosso meio faz sentir em todos os lugares o odor do seu conhecimento. Somos, para Deus, o bom odor de Cristo» (2 Cor 2: 14-15). Na putrefação das ideologias, a nossa fé deveria ser de novo o perfume que reconduz às pegadas da vida. No momento da deposição, começa a realizar-se a palavra de Jesus: «Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto» (Jo 12: 24). Jesus é o grão de trigo que morre. Do grão de trigo morto começa a grande multiplicação do pão que dura até ao fim do mundo: Ele é o pão de vida capaz de saciar em medida superabundante a humanidade inteira e dar-lhe o alimento vital: o Verbo eterno de Deus, que Se fez carne e também pão, para nós, através da cruz e da ressurreição. Sobre a sepultura de Jesus resplandece o mistério da Eucaristia.

ORAÇÃO
Senhor Jesus Cristo, na sepultura fizestes vossa a morte do grão de trigo, tornastes-Vos o grão de trigo morto que produz fruto ao longo de todos os tempos até à eternidade. Do sepulcro brilha em cada tempo a promessa do grão de trigo, do qual provém o verdadeiro maná, o pão de vida em que Vós mesmo Vos ofereceis a nós. A Palavra eterna, através da encarnação e da morte, tornou-Se a Palavra próxima: Colocai-Vos nas nossas mãos e nos nossos corações para que a vossa Palavra cresça em nós e produza fruto. Dai-Vos a Vós próprio através da morte do grão de trigo, para que nós tenhamos a coragem de perder a nossa vida para encontrá-la; para que também nós nos fiemos da promessa do grão de trigo. Ajudai-nos a amar cada vez mais o vosso mistério eucarístico e a venerá-lo – a viver verdadeiramente de Vós, Pão do Céu. Ajudai-nos a tornarmo-nos o vosso «odor», a tornar palpáveis os vestígios da vossa vida neste mundo. Do mesmo modo que o grão de trigo se eleva da terra como caule e espiga, assim também Vós não podeis ficar no sepulcro: o sepulcro está vazio porque Ele – o Pai – não Vos «abandonou na habitação dos mortos nem permitiu que a vossa carne conhecesse a decomposição» (cf. Atos 2: 31; Sl 16: 10 LXX). Não, Vós não experimentastes a corrupção. Ressuscitastes e destes espaço à carne transformada no coração de Deus. Fazei com que possamos alegrar-nos com esta esperança e possamos levá-la jubilosamente pelo mundo; fazei que nos tornemos testemunhas da vossa ressurreição.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Câmara Municipal de Florianópolis

No dia 02/07, quarta-feira, nossa Arquidiocese recebeu a homenagem da casa do povo florianopolitano, a Câmara Municipal de Florianópolis, pelos cem anos da elevação de Florianópolis como sede diocesana. Dom Murilo Krieger, juntamente com Dom José Negri e Dom Vito Schilickmann, recebeu o reconhecimento da Câmara Municipal pela participação da Igreja de Florianópolis na promoção do bem comum. Muitos de nossa paróquia se fizeram presentes acompanhando o Pároco, Pe. Vânio da Silva. Eis a seguir algumas fotos do evento, disponibilizadas pela site da Câmara Municipal.



sábado, 12 de julho de 2008

O Paraíso é o Amor


O Paraíso é o Amor

O paraíso é o amor. Que tipo de amor? O amor do verdadeiro bem. Neste mundo não há verdadeiro bem. Há algumas migalhas, partículas, fragmentos, ... mas não o verdadeiro bem que nos possa saciar... Nosso coração foi feito pelo Senhor de tal modo que dentro dele tudo se pode colocar: um belo romance, uma profunda amizade, um elogio de uma autoridade, tudo o que quisermos e ainda maiores coisas, mas ele nunca se encherá. Só no outro mundo, porque ali é realmente o Bem verdadeiro, Deus, que pode saciar. Amor do verdadeiro bem, cheio de alegria. Alegria que ultrapassa toda a doçura. Não há comparação entre a alegria experimentada neste mundo com a que se provará no outro. É totalmente diverso!
Um homem seguia pela estrada e foi atacado por ladrões. Brutalmente despojado, ferido, foi deixado meio morto (Lc 10,30). Também em nossa estrada bandidos atacam. O primeiro deles é o pecado mortal, que tem as características daqueles ladrões: brutais, predadores, que nos deixam meio mortos. Brutal, porque o pecado mortal é uma rebelião contra Deus. Lembrem-se do faraó quando Moisés foi lhe falar e lhe disse: O Senhor ordena que deixes sair do Egito o povo Hebreu. Uma fronte se enruga, as sobrancelhas se franzem e vem uma resposta seca e cortante: Quem é este Deus? Não tenho de escutá-lo (Ex 5,2).
Quando cometemos um pecado mortal... nós nos comportamos como o faraó: Que aborrecido é este Deus! Não me deixa em paz, mas é preciso que se faça aquilo que ele quer! Ouves a voz do Senhor, lá dentro que te diz: Atenção! Sabes por experiência que não deves ir outra vez naquela casa de onde saíste mal. Não andes com aquela pessoa! Respondes: Que aborrecimento! E Ele não quer saber de desculpas! Voz de Deus? Que nada! O que ouço lá dentro é mau humor... Que importuno este Deus!
O pecado mortal é revolta! O Salmo 52/53 fala do insensato: O insensato pensa consigo mesmo: Deus não existe! Temos de confessar, para nossa grande confusão: quando, de olhos abertos, cometemos um pecado mortal, no fundo do coração queremos que Deus não exista e não venha nos perturbar... É um milagre que Deus não se contenha, um milagre de paciência e misericórdia! O pecado mortal é desprezo! O profeta Oséias falando do povo Hebreu, que procedia mal diz: É preciso vos fazer saber que sois como um comerciante que usa balança falseada (Os 12,7). Nós, no pecado mortal, usamos uma balança fraudada, onde temos dois pratos: num coloco Deus. Não se pode colocar Deus no prato da balança, pois Ele é incomparável! Mas coloco mesmo assim! E noutro coloco um romance proibido, uma relação ilícita, um sentimento de ódio... Vendo-se posto na balança, Deus diz: Mas onde me põe este meu filho?... Com quem ele me faz semelhante? Com quem me compara? (Is 46,5). O pecado mortal é ingratidão! Vocês conhecem o maravilhoso Canto da Vinha de Isaías (Is 5,1-7): Plantei uma vinha sobre uma colina fértil... Esperei uvas escolhidas, mas que nada! Apenas uvas azedas... Judá vem e julga o caso entre mim e a vinha. Diz: é culpa minha? Minha? Mas fiz tudo o que podia fazer! Não, não é uma vinha, é o povo de Israel. Esperava que fizesse justiça, e, em vez disto, eles aumentam sua maldade!
O demônio é um excelente psicólogo. Quando quer induzir alguém ao pecado mortal... tem bastante cuidado de não propor de cara o pecado... então, manda a precursora do pecado mortal: a tibieza... O que é a tibieza? A tibieza surge quando uma pessoa faz como que um acordo com o pecado venial. Estabelece uma amizade com o pecado venial, lhe concede um certo amor, aceita uma relação habitual. Em outras palavras: o pecado venial se insinuou e se instalou habilmente, sem que ela tenha reação... Deixa que fique ali, como em casa própria, lhe arranja desculpas, desculpas habituais e de bom grado!
Os sinais da tibieza... em três expressões de São Lourenço Justiniani: Fugir da santidade, ter preguiça de lutar, negligenciar a oração.
Fugir da santidade... Quem está na tibieza não quer se tornar santo... basta-lhe o meio caminho... escolhi esta mediocridade e isto me basta!... Um pouco de incenso para Deus... e agora chega, pois devo incensar a mim mesmo... um pouco para o Senhor e um pouco para meu próprio conforto... Desde que eu não chegue ao pecado mortal... O tíbio é a pessoa do metro, da balança, do conta-gotas... Dá ao Senhor, mas com uma avareza que é totalmente o oposto de generosidade que Deus deseja em nós.
Ter preguiça de lutar... Diz o tíbio: não vamos fazer guerra! Não me exponho, sobre tudo se se trata de batalhas duras, difíceis... Nada de sacrifícios... São Francisco de Assis? Qual quê! Um exagerado, um exaltado! É preciso ter os pés na terra... Mas o Senhor disse que quer todos santos, incluindo leigos, os casados... E o tíbio não se deixa convencer... Alguém quer enfrentar? Eu daqui não saio... Devagar, devagar, fiquemos no indispensável.
Negligenciar a oração! E a pessoa tíbia se torna muito diferente da que era antes, pois, se há pessoas que sempre foram “mornas” outras vezes cai na tibieza quem já foi fervorosa. E começa a fazer distinções... Se deixa o Rosário, diz: Bem, não acredito que seja pecado... É apenas recomendado... E continua: mais do que é mandado não faz. Não guarda recolhimento, não reza sequer uma jaculatória. Nenhuma elevação da alma a Deus... Se tem um ofício que obrigue, ainda vai a Igreja, mas o faz sem um pensamento, com uma piedade que causa piedade...

(traduzido e adaptado de Albino Luciani – Papa João Paulo I –
Il Buon Samaritano, Edizioni Messagero di Padova, 2ª ed. Pádua, 1980)

Consagração ao Coração de Jesus

Consagração ao Sagrado Coração de Jesus
JESUS, porque você conhece cada uma das feridas do meu coração,
consagro-me agora, de coração, ao Seu Sagrado Coração,
suplicando que Seu Precioso Sangue cicatrize estas feridas,
livre-me dos perigos e preserve-me do mal.

Prometo moldar esse meu conturbado coração ao Seu,
procurando torná-lo manso e humilde,
guardando nele, cuidadosamente, os Seus Ensinamentos,
a exemplo de nossa querida Mãe, Maria.
Amém.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

10 anos da Paróquia de Ingleses

Há muito o que agradecer a Deus por estes 10 anos de nossa paróquia. Assim, celebramos um grande ação de graças a Deus por todas as pessoas que de uma forma ou de outra contribuem ou contribuíram para a construção deste pedaço do Reino de Deus no norte da Ilha de Santa Catarina. Cada comunidade, cada movimento, cada associação e entidade se fez presente na solene celebração ocorrida no Santuário Coração de Jesus às 20h do dia 06/07. Presidiram a Santa Missa os Pp. Vânio da Silva, pároco de Ingleses, Luiz Chang, vigário paroquial e Valério Sartor, SJ diretor do Movimento Fé e Alegria - Brasil Sul, e os fiéis diáconos, Jorge da Silva e Ricardo de Souza. Agradecemos a todos compareceram e que fielmente colaboram conosco. Segue abaixo alguns momentos da celebração. O vídeo que por problemas técnicos não foi aprensentado, encontra-se publicado neste blog, algumas postagens anteriores.