sábado, 28 de junho de 2008

A Ternura

A TERNURA
Pierre Talec
do livro: Les Choses de la Foi

A ternura de Deus não conhece o respeito humano. Ela se sente à vontade no coração da ternura dos homens, do jeito que elas são. Neste sentido, uma manifestação bastante curiosa. Cristo ressuscitado aparece em primeiro lugar aquelas que souberam amar com seu coração. As mulheres . Sim. É interessante verificar que não foi primeiro aos apóstolos que o Cristo ressuscitado apareceu, mas a Madalena e a suas companheiras que irão, como profetas do amor, anunciar aos discípulos a grande novidade. Isto não quer dizer que os homens não saibam amar com seu coração e que a ternura seja fraqueza, apanágio das mulheres. Se as mulheres, aparentemente, têm maior necessidade de ternura, talvez seja porque elas sabem melhor vivê-la!

A ternura é o amor que sabe dar, é o amor que sabe receber, eis a admirável troca.

A ternura não se deixa fechar numa definição. Se alguém lhe pedisse para definir o que é a brisa de uma manhã de verão, que diria? Um sussurro? Uma carícia? Veja bem que isso não é definição. Se tivesse de falar da inconsciente beleza das ilhas, que não sabem ser rainhas da terra e do mar, que diria? E o passo abafado da mãe e do pai que entram no quarto do filho que dorme? Eis a ternura. Este respeito do amor às cousas que só tocamos com os olhos. Eis a ternura. A ternura é inferior ao amor, como a poesia está dentro das cousas. Ela é a doçura do amor, limpidez, uma pontinha. Não é qualidade extrínseca, acrescentada; ela é amor.

Então conceda a você mesmo um óbulo de ternura. Coloque dois tostões de ternura em sua relação com os outros e descobrirá que a fidelidade aos mandamentos que pode parecer fria, não é somente conformidade a uma lei que deve ser aplicada, mas a expansão da liberdade do coração que encontra as verdadeiras atitudes do amor.

Coloque dois tostões de ternura na sua relação com Deus e descobrirá melhor que a fé é um diálogo de amor. “Aquele que me ama também eu o amarei e me manifestarei a ele”. Eis uma verdadeira declaração de amor que Deus faz a cada um de nós. Ele diz: “Eu te amo”. Não é maravilhoso que Deus diga o que o próprio homem diz, quando não pode dizer mais? Quando a gente diz: “Eu te amo”, do fundo do coração, as palavras ficam presas no fundo da garganta. A ternura é balbucio. Melhor, é silencioso desejo do amor.

Então, finalmente, coloque uma quantidade de ternura em sua oração e você, que talvez pensasse que não sabia mais rezar, nem gostasse de rezar, descobrirá que com um pouco de ternura, a gente reza como canta ao longo do dia uma canção querida, mas cujas palavras não são bem conhecidas e de cuja ária não nos lembramos bem e que vamos recompondo em tom maior, em menor, conforme os dias, conforme as horas.

A ternura é o gênio do amor, ela sempre improvisa. É ela que dá aos silêncios entre as pessoas o peso das comunicações intuitivas.

É ela que dá às palavras entre as pessoas a justeza do diálogo do amor.

É ela que dá aos gestos entre pessoas a inteligência do inédito.

Vivamos na inteligência do amor. Façamos esta experiência do amor. Quem sabe Deus cante em nosso coração: “Não fale muito de amor... mas diga-me, ao menos, de vez em quando, cousas ternas”!

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