quinta-feira, 10 de julho de 2008

Testemunho de fé de Ingrid Betancourt

A refém recém liberta Ingrid Betancourt nos dá um testemunho de fé. Sua libertação foi um verdadeiro milagre, um grande presente do Sagrado Coração de Jesus. Publicamos seu testemunho:

Ingrid Betancourt diz-se transformada pela oração

Domingo, 6 de Julho, depois de sair da Missa das 10 da noite na Igreja do Sagrado Coração de Montmartre, em Paris, Ingrid Betancourt concedeu uma entrevista ao semanário «Pèlerin».

“A última vez que vi o meu pai, na véspera do meu rapto, estávamos sentados no seu quarto, ao pé de uma imagem do Sagrado Coração de Jesus. Então o meu pai pegou na minha mão, olhou a imagem e pediu: 'Sagrado Coração, vela pelo meu coração, vela pela minha filha'", recorda Ingrid, contando como ao ouvir a Rádio Católica Mundial, a 1 de Junho último, redescobriu a espiritualidade do Sagrado Coração.

“Recordo-me de uma bênção em particular, a de Jesus prometendo tocar os corações endurecidos que nos fazem sofrer”. “Então fiz esta oração: ‘Meu Jesus, nunca te pedi nada porque tu és de tal maneira grande que sou indigna de te importunar. Mas agora quero pedir-te uma coisa muito concreta. Não sei o que significa exactamente «Consagar-se ao Sagrado Coração», mas se tu me disseres durante o mês de Junho, que é o teu mês, a data em que eu irei ser libertada, serei toda tua”.

No dia 27 de Junho, o comandante do campo ordenou aos prisioneiros que preparassem os seus haveres, pois um de entre eles iria ser libertado. “A minha libertação decorreu de maneira muito diferente”, mas a verdade é que Jesus esteve lá: “Eu vi um milagre”.

“Se eu não tivesse o Senhor ao meu lado, penso que não conseguiria crescer na dor. Ser prisioneiro coloca-te numa situação de humilhação constante. És vítima do arbítrio completo, conhece-se o que há de mais vil na alma humana. Face a isso, há dois caminhos. Ou endurecemos, e aí tornamo-nos ásperos, vingativos, deixando que o coração se encha de rancor. Ou escolhemos o outro caminho, aquele que Jesus nos mostrou. Ele pede-nos: ‘Bendiz o teu inimigo’”.

Um caminho que Ingrid reconhece ser “difícil”. “No entanto, a partir do momento que fazia o exercício de dizer ‘Bendiz o teu inimigo’ – quando desejava precisamente dizer o contrário – era mágico, havia como uma espécie de... alívio.” A antiga prisioneira diz ter vivido “um diálogo constante com Deus através do Evangelho”. “Sinto que houve uma transformação em mim”.

Houve, naturalmente, momentos de dúvida, especialmente no primeiro ano, com a morte do pai. "Dizia-lhe: 'Porque é que me fizeste isto se sabes que te adoro? Porque é que me castigas?' Mas depois compreendi que era preciso agradecer-Lhe, dado que o meu pai nunca poderia ter suportado estes seis anos de horror. Então posso dizer, sim, que a minha fé cresceu.” O mesmo aconteceu com o seu olhar sobre Maria: “O meu pai tinha uma grande devoção pela Virgem, enquanto eu devo dizer que, ao tempo, achava Maria um pouco... ingénua. Digamos que não era exactamente a imagem de mulher que me inspirava."

"Mas depois, ao ler os Evangelhos, passei a admirá-la. Sem dúvida porque para compreender a Virgem é preciso ter vivido e adquirido uma certa maturidade. E comecei a achar que era verdadeiramente sensacional esta jovem que aceita ter uma criança quando tinha um plano de vida totalmente diferente. Ela corria todos os riscos. Para muitos cristãos isto são acontecimentos bem conhecidos, mas para mim foi uma descoberta. Descobri uma Maria forte, uma Maria inteligente, uma Maria com humor... Uma Maria também mãe, como ela, a quem pedia para cuidar da mãe e dos filhos. “E rezando assim, sentia que ela me escutava. E acalmava-me.”

Àqueles que também haviam sido raptados, a antiga prisioneira diz ter “renunciado a falar-lhes do Evangelho, sem dúvida por que não sabia fazê-lo. “Mas continuei a rezar todos os dias. E o que é extraordinário é que muitos dos meus companheiros disseram-me mais tarde que tinham reencontrado a fé graças a mim.”

“Falar de Deus é muito complicado”, conclui Ingrid Betancourt. “Mas é possível, por exemplo pelas acções, fazer com que as pessoas sejam tocadas.” É por isso que ela tem respondido às numerosas solicitações que lhe são dirigidas, como aconteceu hoje no Senado e poderá acontecer amanhã na Assembleia Nacional. “Sinto-me em grande dívida. Devo tanto ao amor de todos estar aqui, que não digo não.”
Fonte: www.agencia.ecclesia.pt/ecclesiaout/snpcultura/vol_ingrid_betancourt_oracao.html


Nenhum comentário: